Meu nome é BLÓGUI DÓGUI AMARAL AU-AU


Meu nome é BLÓGUI DÓGUI AMARAL AU-AU

Sou um poodle, quase TOY, que cresceu mais do que o esperado. Apesar do susto, minha dona continuou (e ainda é) tresloucadamente apaixonada por mim. Ela deve ser a mulher que serviu de modelo para a expressão FIDELIDADE CANINA. Um exemplar desses pobres e belos humanos...

Aqui, com sua ajuda, tentarei compreender a cabeça dessa mulher.

Enquanto isso, vou levando minha sempre curiosa VIDA DE CÃO.


Amigas secretas e minha primeira ressaca


Pela primeira vez em minha vida fui dormir depois das três da madrugada. Bem que tentei antes, e cheguei a desmaiar no sofá, mas a gritaria das “amigas secretas” era tanta que não consegui.

Foram gritos e abraços (e pulinhos) o tempo todo. E risadas, muuuitas risadas. De minha parte, corri a me enturmar levando minha bolinha e dei uns bons latidos. Acho que gostaram, porque fui bem tratado, ganhando muitos afagos na cabeça. Foi divertido, mas tudo tem um limite e chegou certa hora em que eu queria trégua.

Só não entendi nada do motivo da festa. Todo mundo que estava na brincadeira é amigo da minha dona desde que eu me conheço por cão. Mas insistiam em uma história de “amiga secreta”. Secreta para quem? Estavam todas exatamente com o mesmo cheiro que eu já conhecia. Mesmo as que vieram com perfume novo. Sei lá. Deve ser mais uma daquelas coisas que minha dona olha pra mim e diz, com cara de compreensiva: “Blógui... Você não entende...”.


Um agradável reencontro

A Sônia foi a primeira pessoa que, além de minha dona, cuidou de mim em minha infância. Elas dizem que eu era bem pequeno e que a Sônia me salvava de cair do sofá, me fazia carinho, me dava água e comida, limpava as... – para as visitas minha dona diz “cacas” – que eu então deixava por toda a casa e me tirava do chão frio quando eu começava a dormir. Quase uma mãe...

Infelizmente, fomos separados antes de meu primeiro aniversário. Mas hoje a reencontrei. No começo fiquei desconfiado e dei acho que uns... dois latidos para aquela “estranha”, até que o cheiro dela me fez recuperar a memória. Depois foi só festa! Primeiro sentei ao seu lado, abanando o rabo de tanta alegria. Mas não resisti muito tempo lhe fazendo sala e logo tratei de aproveitar seu colo macio.

Aliás, preciso perguntar pra minha dona quando faço anos de novo.


Recebendo amigos em casa

Sou um cachorro que convive somente com gente. Aqui em casa vivem perguntando a mim (e principalmente uns aos outros) se não me sinto “muito solitário”. Confesso que não faço a menor ideia do que querem dizer, pois a maior parte do tempo estou ao menos com alguém por perto ou à vista (e além disso deixam seus cheiros pela casa inteira).

Hoje alguém teve a brilhante ideia de me trazer “visitas”. Pelo menos foi assim que disseram sorridentes, olhando bem para meus olhos, como se fosse alguma surpresa tão maravilhosa quanto um pacote inteiro de biscoitos. As tais “visitas” eram dois filhotes... machos. Fiquei morrendo de medo de que eles não fossem mais embora. Só consegui relaxar quando a casa voltou à normalidade, com seu único macho alfa (é assim que minha dona diz). Traduzindo, eu!




Um passeio e um colo

Recentemente minha dona voltou de uma viagem (interminável) e me levou a passear pelo bairro. Quase não dei conta de identificar tantos cheiros diferentes. Duas casas que viviam vazias agora têm gente morando, e fico pensando que gente será, porque a quadra está inundada com aromas que eu não suspeitava existirem. Que não há nenhum cachorro novo na minha rua, isso eu já sabia pelos latidos, e os odores da rua confirmaram. Mas alguma criatura muito esquisita andou se esfregando em uma touceira de grama, bem na esquina. Dei um salto de repulsa ao tentar identificar aquele cheiro medonho e sai correndo... Minha dona não entendeu nada, mas não quero nem passar por perto dali.

Foi muito bom passear, farejar e remarcar meu território com meu próprio aroma, tão familiar e reconfortante. Passei tanto tempo sem fazer isso (ninguém mais em casa passeia comigo) que meu cheiro já estava quase sumindo da vizinhança. Agora todos ficarão sabendo que continuo morando aqui — e passeando com minha dona!

Cheguei em casa exausto, ganhei água fresca e, nem preciso dizer, o carinho de um colo. Espero que minha dona agora fique muito tempo perto de mim.